O tratamento para câncer de próstata tem maior chance de cura quando o diagnóstico é feito precocemente, isto é, quando a doença está em fase inicial. Isso não significa que a doença não possa ser curada em estágios avançados.
Neste artigo, falaremos com mais detalhes sobre o tratamento do câncer de próstata.
Para rastreamento do câncer de próstata recomenda-se realizar o exame de sangue PSA (Antígeno Prostático Específico) e o exame de toque retal
Havendo alteração em um ou ambos, prosseguimos com a realização de outro exame mais específico que os anteriores como ressonância multiparamétrica, PHI (sangue) ou PCA-3 (urina).
Confirmando-se a suspeita, realizamos biópsia da próstata, cujo resultado demora cerca de 1-2 semanas.
Após o paciente ter sido submetido a biópsia da próstata e o diagnóstico de câncer de próstata ser confirmado, devemos estadiar a doença.
Por meio de exames como ressonância magnética e PET Scan ou alternativamente Raio-X de Tórax e Cintilografia Óssea, podemos definir se o câncer de próstata está restrito à próstata (localizado), se invade estruturas vizinhas (localmente avançado) ou se invade órgãos à distância (metastático).
Após definir o estágio da doença, consideramos as características clínicas e anseios do doente e definimos conjuntamente o tratamento mais adequado para cada cenário.
Doença localizada
Quando o câncer está apenas na próstata e temos como objetivo curar o paciente, podemos realizar os seguintes procedimentos:
Entre esses métodos, para doença localizada, a cirurgia cursa com melhores resultados de sobrevida, isto é, o paciente submetido a cirurgia vive mais que os pacientes submetidos às demais formas de tratamento.
A radioterapia utiliza radiação para destruição de células tumorais. Muitos pacientes imaginam equivocadamente que essa forma de tratamento seja menos agressiva que a cirurgia. É preciso ressaltar, porém, que mesmo quando bem executada, essa forma de tratamento pode provocar lesão por radiação na bexiga, reto e uretra, trazendo complicações importantes e provocando impacto na qualidade de vida do doente.
Em relação ao HIFU, trata-se de ultrassom de alta frequência, aplicada por via transretal sobre a próstata, para tratamento do tumor. Por se tratar de técnica relativamente nova, ainda não há dados suficientes que confirmem eficácia da técnica a longo prazo. Por esse motivo, não está autorizada no país, exceto em caráter de estudo.
Doença localmente avançada
Quando o câncer que se iniciou na próstata invade estruturas vizinhas ao órgão, o tratamento é geralmente multimodal, é necessário associar formas de tratamento para que se possa curar o doente.
Podemos operar o paciente, sendo, porém, provável que tenhamos que associar radioterapia e/ou terapia de privação hormonal para curar o doente. Devemos também ressaltar que se trata de cirurgia mais complexa, envolvendo a retirada extensa de linfonodos, pois essas estruturas podem ser utilizadas pelas células tumorais como via de disseminação.
Além dessa forma de tratamento, podemos também utilizar terapia de privação hormonal associada à radioterapia. A terapia de privação hormonal consiste em aplicar medicação para reduzir a produção de testosterona, a fim de reduzir a velocidade de crescimento do tumor.
Doença disseminada
Quando o câncer atinge órgãos à distância como pulmão e ossos, é incomum conseguirmos curar o doente. De modo geral, podemos apenas aplicar medicações para reduzir a velocidade de crescimento do tumor e ampliar a sobrevida do doente.
Há pesquisas avaliando a eficácia de novas drogas e possíveis benefícios de realização de cirurgia nesse cenário de doença disseminada.
Quando o paciente é submetido a biópsia de próstata e o resultado indica baixo volume de tumor (poucos fragmentos com câncer) e a doença é pouco agressiva (Gleason 6), não há necessidade de instituir tratamento imediato, pois este câncer de próstata apresenta evolução lenta. Isso não significa fazer nada. O paciente deve ser submetido a vigilância ativa e monitorado a cada 6 meses com exames como PSA, toque retal e, eventualmente, ressonância magnética e nova biópsia de próstata. Se o tumor apresenta evolução para doença mais agressiva, definimos tratamento.
Se o paciente apresenta idade avançada e baixa chance de sobrevida em 10 anos, o tratamento do câncer de próstata pode não apresentar benefício em termos de prolongar a sobrevida do doente. Embora isso possa parecer algo muito estranho inicialmente, a intenção é não submeter o paciente a tratamento que não trará benefícios. Apenas instituímos tratamento se houver sintomas ou complicações da doença. Chamamos isso de watchful waiting.
Essa decisão é avaliada caso a caso e deve ser tomada pelo urologista em conjunto com o paciente. Depende das condições clínicas do doente, estágio da doença, cirurgias prévias e muitos outros.
Ainda em dúvida? Entre em contato conosco e avalie a sua necessidade de uma cirurgia.