Para entendermos o que é Cirurgia Robótica, precisamos primeiro falar rapidamente sobre a história da cirurgia. Até algumas décadas atrás, o cirurgião tinha que fazer grandes cortes para expor as estruturas e órgãos que precisavam ser tratados.
Com o avanço tecnológico, surgiu a laparoscopia, uma técnica cirúrgica, em que fazemos 3 a 4 cortes, com cerca de 0,5 a 1 cm cada. Pelos quais inserimos uma pequena câmera, mas com grande aumento e delicadas pinças que são usadas para operarmos o doente.
A laparoscopia revolucionou a medicina, trazendo muitas vantagens em relação à técnica “aberta”:
Mas a laparoscopia tem algumas limitações. A visão do campo operatório é bidimensional, o que requer constante esforço para definição da profundidade e limitação dos movimentos.
Além disso, as pinças utilizadas nessa técnica não têm grande liberdade de movimento, tornando algumas cirurgias desafiadoras ou mesmo arriscadas.
Foi então que surgiu a Cirurgia Robótica, que pode ser entendida como a evolução da laparoscópica. Isso não significa que programamos um robô e ele realiza a cirurgia de modo autônomo.
Na verdade, o robô apenas segura os instrumentos cirúrgicos e a câmera. Um (cirurgião) auxiliar fica junto ao paciente (ao lado do robô) e o cirurgião principal fica sentado em um console. Que fica dentro da sala cirúrgica, a alguns metros do paciente e assim ele controla os movimentos do robô.
A visão que o cirurgião tem do campo operatório é tridimensional e a câmera é controlada por ele. Isso garante um posicionamento sempre adequado e ótima definição de profundidade, facilitando o procedimento.
O robô reproduz os movimentos das mãos do cirurgião, garantindo uma ampla liberdade de movimento. Além disso, mesmo que o médico tenha um pequeno tremor, ele será filtrado e não chegará ao robô.
Isso significa que a cirurgia robótica tem todas as vantagens da laparoscopia e ganhos adicionais em termos de qualidade de visão, liberdade e delicadeza de movimentos, garantindo uma cirurgia muito mais precisa.
A Cirurgia Robótica é o que temos de mais moderno para tratamento cirúrgico do câncer de próstata, mas é preciso lembrar que, mesmo com o auxílio da tecnologia, a experiência médica ainda faz toda a diferença nesse tipo de tratamento.
Fazemos 5 a 6 pequenos cortes, com até 1cm no abdome, pelos quais introduzimos a câmera e as pinças usadas na Cirurgia Robótica. Bem como 1 ou 2 pinças do cirurgião auxiliar, que fica em campo com o paciente. Após isso, acoplamos o robô e se inicia a Cirurgia Robótica.
É importante lembrar que o cirurgião fica dentro da sala cirúrgica, a poucos metros do paciente, em um console. Através do qual ele comanda os movimentos da câmera e das pinças robóticas e o robô reproduz os movimentos das mãos do cirurgião.
O procedimento costuma durar de 2-4h dependendo da complexidade do caso. Terminada a cirurgia, o paciente fica com uma sonda no canal da urina e pode ou não ficar com um dreno. É encaminhado a sala de recuperação anestésica, onde o observamos até que esteja bem acordado e tenha condições de ser levado ao quarto.
Então, é conduzido para a unidade de internação, onde pode se alimentar e recebe medicações para controle da dor. 6h após a chegada ao quarto, é possível sentar na poltrona.
No dia seguinte a cirurgia, recomendamos que o paciente comece a caminhar pelo quarto e pelo andar do hospital com auxílio da equipe de enfermagem. Nesse mesmo dia, caso esteja se sentindo bem, pode inclusive receber alta; caso contrário, reavaliamos o paciente no dia seguinte. A grande maioria dos pacientes permanecer internado por apenas 36-48h.
O paciente vai para casa com a sonda no canal da urina, que é retirada no consultório após 5-7 dias.
O uso do robô nessa cirurgia permite visualização precisa e dissecção delicada dos nervos responsáveis pela ereção, que passam muito próximos da próstata, melhorando as chances de potência do paciente após o procedimento.
O mesmo ocorre para a visualização e dissecção da uretra, canal que liga a bexiga ao meio externo e do esfíncter estriado, estrutura responsável pela continência urinária, melhorando as chances de continência no pós-operatório.
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